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terça-feira, 28 de julho de 2015

ENTREVISTA: DOMINGOS SOUSA COUTINHO EM DISCURSO DIRECTO

O nosso entrevistado de hoje é Domingos Sousa Coutinho, um nome que dispensa apresentações, onde se tornou conhecido em Portugal e não só ao volante do seu BMW 2.8 de cor laranja, sendo um dos carros mais interessantes do actual plantel existente em Portugal. 

Este ano, Domingos Sousa Coutinho está a participar no Campeonato em Portugal, e no Historic Endurance, e foi por aqui que o questionamos para nos fazer um balanço das suas participações nos dois campeonato, começando por nos dizer “Por falta de apoios publicitários só consegui participar em 2 provas do CNCC ( com resultados iguais nos 2 fds: 2º e 3º H71 no Estoril e Vila Real tirando-me assim a possibilidade de lutar pelo título ) e em parceria com o Luis Sousa Ribeiro fomos a PAU ( 3º H71 ) e SPA FRANCORCHAMPS ( 6º H71 ); posso dizer que independentemente dos resultados gostei francamente de ter participado em todas com especial relevância nas 3 últimas atrás referidas”
Uma participação deste tipo em duas frentes tão distintas, a sua gestão não deverá ser muito fácil, o que logo o piloto do Porto respondeu “Não é fácil conciliar a participação nas duas competições, sendo, pelas suas características, bastante diferentes.

Enquanto que o Nacional de Classicos é uma prova de sprint ( 2 corridas de 25 a 30 min, só em pistas nacionais ) disputada em sistema de pontuação por prova e com o objectivo de somar o máximo de pontos para obter o título de Campeão Nacional, no caso do Historic Endurance trata-se de uma competição em que podemos participar nas provas que bem entendermos ( com predominância fora de Portugal  - Espanha, França, Bélgica ) sem a preocupação de somar pontos, pois que se trata de participações isoladas  em que o resultado final do fim de semana refere-se exclusivamente ao resultado na classe, tratando-se de uma prova de endurance ( a maior parte das provas têm 50 a 60 min e uma ou outra com duração de 100 min e até com 2h – caso dos 250 kms Estoril ) em que factor regularidade e resistência são factores determinantes, para alem de equipa equilibrada em termos de andamento dos pilotos”.
“São dois tipos de competição completamente diferentes em que os motores usados tb são diferentes ( tenho 2 motores – um menos potente, com cerca de 260cv, para o HE, e outro de cerca de 290 cv para participação no CNCC ), sendo que o CNCC é mais “competitivo” e a probabilidade de haver mais “adrenalina” é maior, pois o factor de procurar o maior numero de pontos leva por vezes a arriscarmos mais; já no caso do Historic Endurance há mais carros em pista ( normalmente nunca menos de 30 carros, podendo ir a cerca de 50 – este ano em Spa Francorchamps estávamos 52 carros em pista ) e o espirito é claramente “gentleman driver” e se algum condutor resolver fazer uma condução mais “abrasiva” será admoestado e poderá até não ser aceite numa das corridas seguintes, sendo por isso o tipo de prova que hoje em dia gosto mais, para alem da possibilidade que nos dá de podermos experimentar novas pistas / novos desafios e até conhecer outras paisagens.”
“Gostaria ainda de salientar que pelo facto de não haver pontuação e podermos partilhar a condução por 2 condutores ( sendo provas de resistência ), acaba por se tornar mais económico, mesmo considerando as despesas de deslocação, sendo obrigatório o uso de pneus DOT ( francamente mais baratos que os slicks ou pneus de chuva usados no CNCC ), para além de tb ser muito aliciante poder participar em provas com bastantes carros em pista, nunca acima dos H76. “
Sobre a sua estreia na mítica pista belga de Spa, Domingos Sousa Coutinho falou-nos um pouco “A pista de Spa é uma pista de muita condução, não muito fácil de se ficar a conhecer em poucas voltas, precisando de muito treino, pois um bom conhecimento desta traduzir-se-á num claro melhoramento dos tempos obtidos pois sendo uma pista muito rápida é tb muito exigente em termos de travagens, abordagem às curvas lentas ou rápidas muito escorregadias e em que o factor trajectória é absolutamente determinante para uma melhor performance.
Senti claramente isto que afirmo pois fui melhorando muito à medida que fui percebendo a pista, aproveitando melhor a potência do carro e sendo também mais “atrevido” na descida do L’Eau Rouge e subida do Radillon ( este não é nada para brincadeiras! ). "
O estado de evolução a que o BMW 2.8 poderia ser feito mais, o que sem pensar replicou logo “Por razões de falta de apoios suficientes tenho que gerir o pouco que consigo e, por isso, tenho que optar por participar em provas ou investir mais no desenvolvimento do carro ( ainda tem muito para fazer ), pelo que este ano optei por correr – gostaria de ir ao 50º aniversário de JARAMA, ao Algarve Classic Festival e aos 250 kms Estoril”
Mas este BMW 2,8 não deve ser de modo algum um carro fácil, o que depois de pensar um pouco deu-nos a sua opinião “Dizem os especialistas ( eu não sou e ainda por cima só guiei o meu e os HYUNDAI de trofeu ) que efectivamente é um carro de difícil condução, especialmente na abordagem às curvas, com tendência para escorregar de traseira ou às 4 rodas, o que não é para mim mal nenhum quando estou a participar num track day ou em treinos livres, mas já em fase de corrida ou para obter tempos torna-se francamente mais difícil de o segurar pois que o factor eficiência na definição da trajectória limpa é absolutamente determinante para a obtenção de melhores tempos, e então aí percebemos a dificuldade de segurar o carro, face aos nossos concorrentes directos ( BMW 2002 ou LOTUS ELAN ) que normalmente conseguem fazer com mais facilidade trajectórias mais limpas; para alem do mais o factor peso tb não ajuda à condução ( pesa cerca de 1240 kg enquanto a concorrência anda entre os 800 e os 950 kg )
Ir buscá-lo nos limites não é nada fácil! Para alem do mais desde 2009 que corro sem direcção assistida ( por opção minha! ) o que ainda vai dificultar mais a condução deste carro nos limites, mas que dá gozo … ai isso dá!"

"Pontos positivos:
um motor muito resistente,
boa potência e um trabalhar muito regular
design lindíssimo
único a correr em Portugal

Pontos negativos:
Escorrega mais do que os meus adversários em curva
difícil de guiar em chuva
travagem difícil ( especialmente em dias quentes )"

Porque não competir com este carro em prova do Campeonato Nacional de Montanha, o que logo retorquiu “Sinceramente não! Talvez por sentir que é um carro muito pesado e precisava de um motor mais potente, não sendo por isso nada competitivo para provas de montanha."

*Texto e fotos de João Raposo – www.velocidadeonline.com

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